sexta-feira, 12 de junho de 2009

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NEE's EM CLASSES REGULARES

O direito do aluno com necessidades educacionais especiais e de todos os cidadãos à educação é legítimo, amparado na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB-9394/96).

Ao garantir uma educação de qualidade para todos, deve-se levar em conta toda uma mudança nas estruturas escolares, tanto no que se refere à estrutura física, quanto ao de planejamento e ações educacionais que visam à promoção de um ensino efetivo a todos, derrubando velhos e ultrapassados preconceitos, e não somente aceitar o aluno portador de necessidades educativas especiais, mas sim valorizar, e muito, suas diferenças, fortalecendo a identidade pessoal de cada individuo, sua autonomia e o respeito pelo ato de aprender e construir. Devemos considerar que cada aluno em uma sala de aula apresenta características próprias, o que o torna único. Todas essas características individuais somam um conjunto de informações e valores, constituindo uma diversidade de interesses e ritmos de aprendizagem. O desafio da escola hoje é trabalhar com essas diversidades na tentativa de construir um novo conceito do processo ensino-aprendizagem, eliminando definitivamente o seu caráter segregacionista, de modo que sejam incluídos neste processo todos que dele, por direito, são sujeitos.

Na perspectiva dessa abordagem, não é difícil verificar como a escola pode contribuir para o sucesso ou o insucesso do aluno e, que através dela forma-se o tipo de ser humano desejável para uma determinada sociedade. Na questão da inclusão do aluno com necessidades educativas especiais na escola regular, devemos analisar todos os aspectos da instituição, seu currículo, seu planejamento, seu projeto político pedagógico, as práticas pedagógicas realizadas com os educandos, o sistema de avaliação, os espaços físicos e de recursos e tudo o mais que está envolvido no âmbito escolar.

Os instrumentos para se atingir os objetivos da inclusão do aluno com necessidades educativas especiais na escola são necessariamente o conhecimento das teorias educacionais e das propostas existentes neste sentido, e sua divulgação aos professores para que ocorra a sensibilização e a conscientização da comunidade escolar.

Para haver uma real inclusão do aluno com necessidades especiais em uma classe de ensino regular, é preciso ultrapassar as idéias e práticas tradicionais de ensino e também que coloquemos de lado todos os preconceitos acerca desses alunos com necessidades especiais, realizando sua plena integração em todos os espaços da sociedade, seja no emprego formal, seja nas relações sociais e nas oportunidades que damos para que desenvolvam todos os seus potenciais cognitivos, físicos, motor.

Entretanto, sabemos que na prática, no dia-a-dia, a inclusão de todos os alunos é algo bastante difícil e trabalhoso, onde envolvem-se uma série de fatores tais como: vontade política, princípios filosóficos e pedagógicos bem definidos, trabalho em equipe envolvendo todos os professores e pessoas que fazem parte da comunidade escolar, sendo que os professores devem estar investidos de muito desejo e cientes de seu poder e responsabilidade para com o aluno portador de necessidade educativa especial que chegar até a sua classe.

A educação escolar é extremamente importante para todas as crianças, inclusive aquelas portadores de necessidades educativas especiais, é ali onde elas irão aprender a ter sua autonomia e desenvolver-se integralmente nos aspectos cognitivos e motores, isto é, se a escola propiciar esse pleno desenvolvimento. Sendo assim, a escola é e será uma possibilidade de aprendizagem e enriquecimento cultural para todos nela envolvidos.

Não devemos pensar em inclusão apenas como sendo um ato de “colocar” uma criança com alguma necessidade educacional especial em uma sala de aula ou em uma escola regular. Inclusão é bem mais do que isso, inclusão, é revermos todos os nossos conceitos, pensar nossas questões morais, nossa maneira de lidar com o outro, de aceitar as diferenças como sendo parte integrante da raça humana, da diversidade entre as pessoas... Entender acima de tudo que todos são capazes de aprender, assim como diz Paulo Freire:

É na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como processo permanente. Mulheres e homens se tornaram educáveis na medida em que se reconheceram inacabados. Não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis, mas a consciência de sua inconclusão é que gerou sua educabilidade. É também na inconclusão de que nos tornamos conscientes e que nos inserta no movimento permanente de procura que se alicerça a esperança. (2008 p.58).

Será que a inclusão realmente acontece, ou ela á apenas mais uma lei que está no papel e todos a acham bonita, mas poucos verdadeiramente a cumprem?

Infelizmente sabemos que no nosso país, a maioria dos professores está mal capacitada, não recebem nenhuma formação para atender essas crianças e jovens, o que gera muitas vezes um desespero tanto por parte dos educadores que não sabem como agir diante de tal circunstancia e acabam deixando de lado essas crianças portadoras de necessidades especiais, como também para os educandos que se sentem excluídos e tem seu potencial cognitivo e motor castrado sentindo que não pertencem a esse mundo, onde há uma sociedade preconceituosa e que se julga capaz de decidir o que é certo ou errado, o que é normal ou anormal, sendo que diante desse julgamento, diversas vezes acaba por não permitir que grandes talentos que fogem do padrão sejam revelados.

A nossa sociedade e o nosso sistema educacional sempre tomou por incapazes, aberrações, e até mesmo filhos do demônio as pessoas que apresentassem alguma característica que fugisse do padrão da normalidade, podendo condenar à morte quem não fosse “normal”, ou excluí-los totalmente do convívio com os outros indivíduos, o que nos leva a refletir sobre a nossa própria prática educacional que diversas vezes mostra-se preconceituosa dentro de nós mesmos, fruto de uma cultura que está enraizada e que considera impróprio algo que não esteja configurado nos padrões da maioria das pessoas.

Porém, devemos admitir que existem várias políticas públicas para a inclusão de crianças portadores de necessidades especiais no Brasil, e que as pessoas cada vez mais devem se conscientizar a respeito do preconceito, e descobrir coisas e oportunidades únicas, proporcionadas por quem é considerado “diferente”.

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